"Tenham bons sonhos!"

Formato I: Oficina de colagem , e realizada em Palmas TO em / / , e coordenada por Carlos Sena durante a edição do Programa REDE NACIONAL FUNARTE - Artes Visuais 2012.

Nº de participantes: 16

Tipo: Artistas locais e professoras da rede pública municipal.

Proposta: Desconstrução e construção/justaposição de algumas imagens históricas universais, em busca de uma atualização e de possíveis novos significados para ampliar o repertório estético da arte ocidental.



Dinâmica: 32 pranchas – ilustrações de obras de arte, foram combinadas aos pares e distribuídas para os 16 participantes interagirem com os significados delas, ou seja, observarem e investigarem os aspectos que envolviam a existência das imagens: autor, nome da obra, época, técnica, tamanho, propriedade e “possíveis significados”.



Após o momento da descoberta desse mundo imagético, procedeu-se uma marcação das medidas laterais das pranchas, e traçados com lápis e régua de linhas retas, sobrepostas em toda a sua extensão.



Justapostas internamente face a face, as imagens foram afixadas com fita colante na sua base, deixando as faces medidas e marcadas do lado externo, e submetidas a corte por uma guilhotina de papel, de cima para baixo e separadas para gradativamente reconstituirem as duas imagens originais fatiadas.


Sobre uma folha de papel cartaz, previamente recortada do tamanho das pranchas ilustrativas, procedeu-se uma colagem das tiras recortadas, alternando as tiras de uma e de outra ilustração (da primeira os nºs ímpares e da segunda, os nºs pares), afixando-os também de cima para baixo. Essa operação foi posteriormente repetida, com o restante do material recortado, exibindo no final da operação duas novas pranchas, diferentes das imagens únicas anteriores, agora tínhamos pares de imagens, combinadas entre sí, misturadas não apenas nas suas aparências, mas, se abrindo também, para os novos significados que doravante poderemos lhes projetar. Esse protótipo para a construção de um discurso interpretativo da obra de arte, conserva ainda em sí, fragmentos dos sentidos da sua existência anterior e nos incita a um resgate dessa memória que o exercício busca num só tempo, esconder e explicitar.


Formato II: Criação de uma obra de arte, tendo como base uma série de 16 imagens digitais extraídas dos resultados obtidos na oficina de colagem. Aqui vale ressaltar que, a oficina de colagens gerou 32 novas imagens (16 pares) e estas, foram doadas um exemplar delas para cada participante, e um outro ficou sob a responsabilidade do coordenador da oficina. As imagens do coordenador, posteriormente foram fotografadas e trabalhadas digitalmente com os programas Corel-Draw e Photoshop, para serem impressas em Lambda-print s/PS, laminadas a fosco e emolduradas, formando dois conjuntos, de 12 e 04 módulos respectivamente. Carlos Sena, autor dessa obra que envolveu múltiplos processos de “desconstrução/construção-justaposição”, e ainda a participação coletiva, intitulou-a de “Tenham bons sonhos!”.

Bananas is my business

Capa do álbum "Bananas is my Business", 2010. Gicleé-print sobre papel ultra-smoot. Caixa acrílica contendo 12 gravuras. 40X40cm.

"Bananas is my Business", 2010. Gicleé-print sobre papel ultra-smoot.01. 40X40cm.

"Bananas is my Business", 2010. Gicleé-print sobre papel ultra-smoot.02. 40X40cm.

"Bananas is my Business", 2010. Gicleé-print sobre papel ultra-smoot.03. 40X40cm.

"Bananas is my Business", 2010. Gicleé-print sobre papel ultra-smoot.04. 40X40cm.

PROGRAMA REDE NACIONAL FUNARTE ARTES VISUAIS 2010

PROJETO ARTE CONTEMPORÂNEA EM GOIÁS

RELATÓRIO DA OFICINA DE CRIAÇÃO DA OBRA “FAÇA 3 PEDIDOS” - Colcha de retalhos.

Ministrante: Carlos Sena
Inhumas, 18 e 19 de outubro de 2010.

A oficina prática – com carga horária de 8 horas, divididas em dois encontros de 4 horas – foi realizada em sala do Polo Livre da Universidade do Brasil . A turma foi formada por 19 elementos, entre professores da rede estadual de ensino das cidades de Inhumas, Damolândia, Brazabrantes e São Miguel do Araguaia, e estudantes do Curso de Artes Visuais ministrado pelo núcleo de Ensino à Distância da FAV/UFG.

No primeiro encontro ocorreu a apresentação da obra do artista ministrante da oficina com projeção de slides; depois iniciou se o exercício de criação dos lenços por meio da trama de fitas votivas de Trindade/GO.

No segundo encontro ocorreu o desenvolvimento e conclusão do trabalho.

Houve grande interesse e participação das pessoas na oficina, o que resultou na criação de 15 lenços para o projeto "Faça 3 pedidos", e 04 doações aos participantes. O bacana da oficina foi a diversidade da produção que revelou cada lenço com as características criativas de cada indivíduo, justificando a proposta subliminar desse processo de construção coletiva, que tomou como pretexto uma colcha de retalhos goiana.

A proposta desse projeto é, depois da obra ser finalizada pelo artista, exibir o resultado final desse processo - colcha de retalhos, juntamente com a documentação da co-autoria da construção da obra " Faça 3 pedidos!.

Divulgamos aquí em primeira mão, um ensaio fotográfico dos participantes exibindo suas criações.

Na avaliação dos alunos essa oficina foi muito positiva no sentido de trabalhar com procedimento de colaboração e de democratizar o processo de criação do artista contemporâneo.

Cíclopes urbanus na ambientar 2010

Daniel Almeida assinou o lounge de festas na ambientar 2010, onde criou um ambiente de inspiração étnica universal, e neste, apresentou duas obras da série Cíclopes urbanus, intervenção digital de Carlos Sena sobre fotografias de Divino Sobral; impressas em lambda-print, laminadas à fosco; coladas sobre poli-stireno e emolduradas em ouro velho, com 40X60cm cada.

A Mostra Ambientar, que neste ano aconteceu do dia 3 de setembro a 3 de outubro, é um evento de Arquitetura, Design de Interiores, Decoração e Paisagismo, e apresentou as mais novas tendências e soluções criativas para quem busca qualidade de vida.
A proposta é unir a funcionalidade dos espaços com bom gosto, apresentando ao público um conceito de viver bem, principalmente, de uma forma mais acessível. Outro destaque da exposição foi seu caráter social. Toda a renda arrecadada durante o evento foi destinada a entidades filantrópicas.

As veredas no espelho

Nº1 do ensaio visual sobre o Bosque dos buritis de Goiânia: Espelhos de veredas, 2010. Intervenção sobre fotografia. Dimensões variáveis, 50X40cm cada peça.
Carlos Sena a expôs Espelhos de veredas e Divino Sobral a obra Coral de árvores no projeto cultural "Um olhar para o bosque", que aconteceu entre 14 e 27 de setembro de 2010, no Stand do Park Design Art Home. Rua 01, Qd B1, Lote 07, Setor Oeste. Goiânia, GO.

Do prato azul pombinho, novos modelos de pratos azul-pombinho

Fragmento - Do prato azul pombinho, 2009. Imagem digital, impressão lambda-print, 40X40cm.

Esta é uma série de imagens impressas na técnica lambda-print, apresentando atualizados modelos de pratos azul-pombinho. Os novos modelos foram desenhados no computador, e estampados à partir da imagem escaneada do caquinho de um prato que pertencera aos ancestrais da poeta Cora Coralina. Esse antigo prato, despedaçado no fim do seu uso doméstico, teve os seus restos jogados num monturo que ficava no fundo do quintal da velha casa da ponte. Encontrado casualmente por mim, no antigo depósito de lixo doméstico, anos depois de ter sido jogado fora e muito antes daquele local, juntamente com toda a sua cidade entorno dele, virarem patrimônio histórico da humanidade; e curiosamente também, muito mais tempo ainda, depois daquele objeto - prato azul pombinho, ter servido de inspiração à magistral poeta goiana, para que escrevesse os seus dois poemas a que muitos consideram ser, os mais lindos da sua estraordinária produção literária: " História do aparelho azul pombinho" e "O prato azul-pombinho".

Esse minúsculo objeto encontrado era o suposto pedaço do último prato azul-pombinho, que segundo os poemas de Cora, de um aparelho de 92 peças, que fora propriedade da sua família há muitas gerações atrás, e agora, era para mim o elo perdido do tempo colonial de Goiás; recuperado no monturo da casa da sua maior escritora, brotando à flor da terra, depois de uma pesada chuva noturna. No fragmento de prato a presença do pombinho, figura que dá título para a narrativa poética que Cora imortalizou, e prova de pertencimento aos aparelho e prato historicizado. Foi por isso que o fragmento de ex-objeto utilitário despertou no "bricoleur e romântico artista" que habita em mim, um desejo de posse daquilo que então considerei ser, um verdadeiro fóssil da cultura colonial goiana.

O meu pequeno tesouro casualmente encontrado, posteriormente ficou guardado numa gaveta durante anos a fio. O tempo passou, e nessa passagem eu pude descobrir tantas outras coisas do mundo atual. E dentre todas elas, o mundo digital; Neste mundo, tomei conhecimento de fascinantes programas de manipulação digital de imagens e do escanner - instrumento que apropria de imagens sem necessáriamente intermediar com uma fotografia, ou seja, copia a imagem dos objetos diretamente da coisa em sí; Foi nesse encontro entre fragmentos da memória, com a máquina e a arte, que iniciei o meu domínio dos programas Corell Draw e Photoshop. Eles me possibilitaram a produção dessa série de imagens que hora apresento aqui.

O caquinho histórico, minúsculo pedaço daquele prato que inspirou as narrativas poéticas de Cora, que posteriormente fora enterrado pelo tempo, como um zumbi emergiu de repente do monturo da narradora para uma sobrevida, e nesta outra, ser transposto daquele sítio histórico para morar perdido numa gaveta na minha casa, e posteriormente ser submetido ao diálogo entre tecnologia do passado e do presente, tendo o computador como interface. Escaneado, o fragmento da antiga imagem do prato da poeta foi o ponto de partida, para poder gerar inúmeras outras novas imagens. Assim, foi criada uma grande série de estamparias desses hipotéticos novos pratos de louça azul-pombinho.

Com uma existência agora, tão somente virtual, estes modelos atuais, renovam o repertório de imagens do prato azul-pombinho. Operação inútil, que tenta resgatar a memória do objeto original, da perda a que o tempo se lhe impôs, ampliando a sua lembrança, e criando-lhe uma existência nova.

Faça 3 pedidos, 2010.

Da série Faça 3 pedidos. Trama de fitas votivas de Trindade - Goiás. 40X40cm.

Obra criada para ser exibida durante a VIII Bienal de Havana - CUBA, 2002. Trata-se de uma intervenção no túmulo de uma milagreira, para onde penitentes cubanos costumam rumar carregando pedras sobre as cabeças em agradecimento às graças alcançadas. Neste local, eu interví depositando sobre as pedras do túmulo, um lenço tramado com fitas votivas ( daquelas do tipo de "medidas do bonfim" que são muito comuns nos locais de penitências brasileiros, sempre adaptadas a crença do santo local; aqui nesse caso, trata-se da versão de Trindade-GO, comercializada aos romeiros do Divino Pai eterno, para que amarrem nos seus corpos (geralmente nos pulsos, mas também são muito usadas amarradas nos tornozelos). Com elas, tramei lenços coloridos de fitas, e elas eram nas cores: verde, amarelo, azul, branco e vermelho - ou seja, o embate Brasil X Cuba.

Os lenços tinham o acabamento feito com alfinetes de cabeça colorida (repetindo as cores das fitas que prendiam) e afixados sobre placas de foan de 40X40cm. Estes lenços (três) foram assim, depositados um à cada dia, sobre o túmulo da milagreira do cemitério de Havana, para serem desmanchados do seu arranjo visual tramado, libertando as fitas e retornando-as para a sua função original: serem um mixto de artigos de fé e objetos de enfeite, ou simples aderêcos para o corpo, mas estes, com uma valia a mais: o direito à três pedidos de graças e garantia de alcance dos favores dos santos, antes que as fitas se rompessem dos três nós com que foram amarradas ao corpo.

Tudo isso, era explicado por um mediador, junto ao túmulo da milagreira de Havana, aos devotos penitentes cubanos que casualmente se dirigiram até alí durante a Bienal, depois que estes depositavam às suas pedras votivas em agradecimento as graças alcançadas. Só então eles eram notificados que teriam direito ao alcance de três outras novas graças, se dispusessem a se enfeitarem com a fita votiva brasileira - "Faça 3 pedidos", amarradas por três nós, e para cada qual, ofertado o direito a um diferente pedido.

Os lenços Faça 3 pedidos depositados no túmulo, intervinham agora, no território das crenças e da fé. As peças foram apresentados aos penitentes por um mediador, juntamente com o convite de participação na desconstrução daquela imagem. cada pessoa que participasse da ação, lhe era solicitado que escolhesse pela cor uma fita, retirasse os 2 alfintes que a prendia na placa e a puxasse com cuidado para fora da trama; libertando-a do arranjo visual, e retornando-a para sua função original: a de ser apenas uma fita votiva. Uma fita votiva de Trindade - Faca 3 pedidos, por um determinado tempo viveu uma outra existência no território construção visual e do artístico, e foi submetida a uma desconstrução do arranjo simbólico engendrado pelo artista, para na sequência, reinserir ao território da fé cubano, e ali intentava mudar o enfoque local de sacrifício do corpo, para o enfeitamento do mesmo. Isso, funcionando conjuntamente com a promessa de vantagens na quantidade de graças por alcançar. Prazer, ao invés de dores e cansaço que a pedra no túmulo sugeria. Promessa de futuro auspicioso, ao invés de sacrifício/agradecimento somente por graças já devidamente alcançadas.

Posteriormente, foi desenvolvida a série Faça 3 pedidos na versão de lenços costurados, e estes participaram de diversas mostras brasileiras e exposições internacionais - dentre as quais as mais significativas foram: o circuíto brasileiro de Arte Contemporânea - Heterodoxia, as de Lima/Perú e a de Marseille/França, ver currículo. Os lenços Faça 3 pedidos integram diversas coleções particulares de Arte Contemporânea, e três exemplares deles fazem parte da Coleção Gilberto Chateaubriand, e se encontram no MAM/RJ.

A versão da imagem aqui apresentada foi executada em 2010 a pedido do Programa de Ensino à Distância - Artes Visuais da FAV/UFG, para ilustrar a capa da série de publicações intitulada de "Tramas e Urdiduras".