Texto de Divino Sobral
A produção desenvolvida por Carlos Sena nos últimos anos, ao apropriar-se da materialidade dos objetos de consumo e da visualidade da linguagem publicitária, apreende algo da essência do mundo contemporâneo: a descartabilidade que a tudo atinge, a fugacidade que afeta sujeito e objeto, a efemeridade que apaga a memória. Entretanto, sua manobra suspende o objeto da obsolescência, dá-lhe uma outra existência e concede-lhe uma memória, fixando pontos de contato entre o efêmero e o permanente, entre o vulgar e o singular.
Carlos Sena. Coca com leite (detalhe), 2.000. Rótulos plásticos tramados e queimados. Dimensões variáveis. Coleção Gilberto Chateaubriand.
Para tornar perdurável o efêmero, Sena dispõe de inúmeros procedimentos formais, que vão da desfiguração do objeto à sua apresentação quase imaculada, da articulação com elementos resgatados da cultura religiosa – um modo de sacralizar o profano, até a convivência com simulacros da cultura kitsch. Tudo isto é submetido a tratamentos que estetizam e historicizam os objetos, uma vez que são derivados de práticas do circuito de arte e sobre eles se instaura um caráter reflexivo.
Carlos Sena. INFINITUS (Luana gás), 2002. Imãs de geladeira digitalizados, lambda-print. 1000 X 1000cm.
Carlos Sena desloca os objetos de uma condição direta e programada, implicada na ordem funcionalista, para uma condição indireta e ambígua, que requer a adjunção de técnicas da museografia e da prática do colecionismo como intermediadoras que colaboram para a estetização e para elevação desses objetos à categoria de arte.
Carlos Sena. Da série INFINITUS, 2007. Imãs de geladeira digitalizados - impressão lambda-print. 80 X 80 cm.
Uma propriedade de suas operações é o cruzamento e a equalização de informações com distintas bases estéticas. É um raciocínio erudito baseado nas conquistas da arte contemporânea que preside suas elaborações plásticas, que gerencia os rumos dados aos processos herdados da sabedoria artesanal popular, e que organiza os dados extraídos do universo pop, contidos no material do qual se apropria.
Carlos Sena. São Sebastião/Calvin Klein I, 2005. Lambda-print. 100 X 100cm.
N. Sra. Afro/aparecida.
Quase profanos.
S. Vampiro do crepúsculo.
N.Sra. Afro/aparecida
S. Leonardo-David da Record
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CARLOS SENA. Bananas is my business, 2010 - Série de 12 gicleé-prints tendo Carmen Miranda como motivo,
40 X 40cm cada, acondicionadas em caixa de acrílico amarelo. Produção de Lucia Bertazo, editadas pelo Stúdio K.
40 X 40cm cada, acondicionadas em caixa de acrílico amarelo. Produção de Lucia Bertazo, editadas pelo Stúdio K.
Carmen 00
Carmen 07
Carmen 12
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segunda-feira, 21 de setembro de 2009
Carlos Sena: Anos 2000 - Apropriação do Cotidiano
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